
Brasília, 26 de setembro de 2025.
Em um setor historicamente marcado pela predominância masculina, o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) deu um passo significativo ao firmar, nesta sexta-feira (24), parceria com o Instituto Nós Por Elas (NPE). A iniciativa reforça o papel do Conselho em assumir responsabilidade social no enfrentamento à violência contra a mulher, ampliando o alcance das pautas de igualdade e respeito de gênero.
Conforme previsto no acordo, o Confea poderá se candidatar ao Selo Nós Por Elas — certificação da NPE em parceria com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT PR 1019/2023), que reconhece organizações que adotam boas práticas de proteção e enfrentamento à violência de gênero.
O selo incentiva empresas e instituições públicas a criarem ambientes mais inclusivos, contribui para o cumprimento do ODS 5 da ONU, que trata da igualdade de gênero e empoderamento feminino, e transforma organizações em referências de valorização e respeito às mulheres. A iniciativa, segundo a presidente do instituto, Natalie de Castro, tem alcance inédito: “É a primeira norma do mundo que trata do enfrentamento à violência contra a mulher, é um patrimônio brasileiro que está tendo uma guinada para se tornar uma norma ISO”.
Ao ressaltar a importância do acordo firmado com o Confea, Natalie lembrou a gravidade da realidade brasileira, levando em consideração que o país ocupa a quinta posição entre os que mais matam mulheres apenas por serem mulheres. “É um dado triste e lamentável que devemos enfrentar. Ter o apoio do Confea, uma instituição de grande envergadura, evidentemente ajuda muito na promoção da igualdade”, frisou.

Durante a Sessão Plenária nº 1.724, as conselheiras federais comemoraram a assinatura da parceria, destacando a valorização feminina dentro do Sistema. “Este é mais um passo no avanço dos nossos direitos. Nosso Programa Mulher avança em várias frentes e essa é muito importante porque protege as mulheres da violência doméstica. Com isso, mostramos que somos um Conselho que acolhe as mulheres e está conectado com o que elas precisam. Contem com nosso Conselho: somos 20% de mulheres dinâmicas e vamos ser, cada vez mais, acolhedoras umas para as outras”, afirmou a conselheira e representante do plenário no Comitê Gestor do Programa Mulher, Ana Adalgisa, que participou da solenidade por videoconferência.

A conselheira Carmen Petraglia também destacou a relevância do Programa Mulher: “Temos um programa nacional que é referência internacional e hoje ele ganha o reforço do Instituto Nós Por Elas, a quem agradecemos pelo apoio que será indispensável para nosso futuro”.

Para a conselheira Giucélia Figueiredo, o acordo firmado tem impacto que ultrapassa os limites do Sistema. “Esse é um gesto e uma manifestação que consolida o nosso comprometimento com a luta diária no combate à violência contra a mulher”, disse, ao lembrar que em 2024 foram registrados mais de 1.400 casos de feminicídio, o maior número desta década. “Esse acordo vai além da nossa bolha profissional. Estamos dizendo para a sociedade brasileira que o Sistema Confea/Crea e Mútua não vai tolerar a violência contra a mulher e que estaremos juntos de diversas organizações sociais e públicas construindo uma sociedade justa, fraterna e igualitária”, garantiu a representante do plenário.

O presidente do Confea, Vinicius Marchese, reforçou seu apoio à causa. “Quando a gente pratica essa formalização, é para que a gente mostre que o trabalho realmente está acontecendo a partir da atuação do Programa Mulher, que é o responsável por essa frente”, pontuou Marchese, que aproveitou a ocasião para incentivar os profissionais a se engajarem no movimento. “Que fique para todos a consciência do respeito e da tratativa igual para todas. Uma mulher não pode enfrentar mais obstáculos pelo fato de ser mulher. Nós do Sistema vamos fazer a nossa parte para buscar essa equidade. E essa plenária fica marcada como um passo importante”, salientou durante videoconferência.

A assinatura do acordo foi considerada pelos homens do plenário como um momento histórico e de reconhecimento ao trabalho das conselheiras titulares e suplentes, das inspetoras, fiscais e coordenadoras de câmaras, além das mulheres que ocupam a presidência de Creas e de entidades. “Equidade de gênero deve ser na prática e é uma pauta dos homens também para que se tenha consciência e saiba das necessidades e desafios das mulheres. Não podemos ter uma sociedade com mulheres ganhando salários menores e sofrendo violência”, manifestou o vice-presidente Nielsen Christianni.

Nós Por Elas
Fundado por mulheres de diversas áreas, como a jurídica e a cultural, o Instituto Nós Por Elas atua como ONG dedicada ao combate à violência de gênero e à promoção da equidade de oportunidades. Suas ações incluem campanhas de conscientização, capacitação para o desenvolvimento e o empreendedorismo feminino e iniciativas que incentivam mais espaços para mulheres em instituições e empresas.
O NPE tem como objetivo ser um ponto de apoio e uma voz ativa contra todas as formas de violência — física, moral, psicológica ou institucional — convocando sociedade civil, lideranças, autoridades e organizações a se engajarem na construção de uma realidade em que todas as mulheres possam viver sem medo de exercer sua individualidade. Saiba mais em https://nosporelas.com/
Julianna Curado
Equipe de Comunicação do Confea